Uma visita ao Louvre Italiano

por Laura Resende

Dentre arte e história, uma das maiores coleções de arte italiana impulsionada por Napoleão no centro de Milão

Em meio à ruas estreitas, tipicamente italianas, dentre a cidade cosmopolita e muito globalizada de Milão, encontra-se a Pinacoteca de Brera. Mesmo estando em uma cidade com grandes atraçõe culturais, com grande museus e obras clássicas como a “Última Ceia” de da Vinci, a  Pinacoteca  de Brera mantém-se como o museu de maior prestígio de MIlão.

O Palazzo Brera

A entrada é o Palazzo Brera, um prédio que foi construído sob as reminiscências de um monastério do século XIV. O Palazzo de Brera foi inicialmente ocupado e construído pelos jesuítas, e tornou-se a Academia de Belas Artes  em 1776, com a Pinacoteca nascendo a partir de objetivos didáticos, como um espaço de exemplos e modelos para estudantes de arte. O Palazzo abarca não apenas a Pinacoteca, mas outras instituições como a Academia de Belas Artes, a Biblioteca Braidense e o Jardim Botânico. 

Logo na entrada, o visitante depara-se com a réplica de uma estátua de Napoleão Bonaparte nu, feita por Antonio Canova em 1859 (original encontra-se dentro do museu). E por que uma estátua de Napoleão em uma das principais instituições de arte de MIlão?

 Entrada do Palazzo de Brera, com a réplica da estátua de Napoleão Bonaparte

Embora sua origem remeta ao século XIV, Brera tornou-se o abrigo de grandes obras italianas apenas com o domínio de Napoleão no norte da Itália. Diferentemente de muitas outras instituições e museus da Itália, Brera nasceu como produto de uma decisão política: sob ordens de Napoleão, pinturas de inúmeras Igrejas e conventos foram confiscadas em toda a região de Lombardia como uma forma de buscar construir um senso de identidade e produção própria para o Império de Napoleão, cujo objetivo almejava a construção do que ele chamou de um Louvre Italiano. 

Estátua de Napoleão Bonaparte nu por Antonio Canova

Dessa forma, a Pinacoteca de Brera é fruto de períodos de dominação estrangeira sob a Itália – sendo a Academia de Belas Artes instaurada com a dominação austríaca e a Pinacoteca como a conhecemos, com a dominação francesa. 

O Beijo”  por Hayez, considerado um dos símbolos do Romantismo italiano.

Um lugar com grandes nomes da arte!

A Pinacoteca é, assim, considerada uma das mais importantes coleções de arte italiana, com pinturas de grandes nomes italianos como: Raffaello, Hayez, Caravaggio, Boccioni, Modigliani, Morandi, Bellini, e Martini, e mesmo artistas estrangeiros como Picasso, com um caráter religioso permeando a maioria das pinturas. A exposição organiza-se temporalmente em uma linha histórica, começando com grandes pinturas do século XIII e XIV, e chegando até os dias atuais, de maneira que é possível acompanhar muito didaticamente a mudança e evolução na arte européia e italiana.

O Museu também tem como proposta ser um lugar interativo, divertido e de aprendizado – e não apenas “um lugar para ir em sábados chuvosos”, como descrito logo na entrada do local. Assim, em frente a muitas obras há letreiros com reflexões e indagações disparadoras de reflexões, muitas sem respostas, que convidam o público a ser o investigador da obra e a envolver-se ativamente com a arte – analisando seu tempo, sua mensagem, seus elementos.

Dessa forma, para todos os amantes de arte e história a parada na Pinacoteca de Brera é obrigatória e uma ótima dica para o cenário pós pandemia. Para aqueles com mais tempo, é possível ficar para a noite no bairro de Brera, um dos pontos boêmios e de destaque na noite Milanesa, com possibilidade de tomar um coquetel e ter um típico jantar italiano na esquina do Palazzo. O ingresso inteiro é de 10 euros e o reduzido de 7 euros, porém em homenagem à luta contra o coronavírus a Pinacoteca reabriu gratuita até setembro de 2020, respeitando regras de distanciamento social e com necessidade de reserva online no site da Pinacoteca como forma de controle de número de pessoas por horário. 

Informações para visitação

Endereço:
Via Brera, 28
Funcionamento:
Terça a domingos, das 8.30 às 19.15, com sextas até às 21.15
Ingressos: 
10 euros (inteiro) e 7 euros (reduzido)
Entrada grátis todo primeiro domingo do mês

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