Shane Berkery é um pintor irlandês emergente cujas pinturas se referem principalmente à figura humana. Cada pintura oferece uma relação entre as diferentes linguagens (representação, abstração, cor, composição e acabamento).
Atualmente o artista encontra inspiração nas fotos do seu avô japonês, incluindo nus e fotos antigas. Ele procura criar figuras que evocam uma sensação de “realidade” para que o espectador possa sentir a presença dessas figuras bem à sua frente. Sua pintura oferece uma percepção exótica do banal com as cores pálidas, onde a cor rosa está muito presente. As pinturas enfatizam a natureza efêmera da beleza, mas também da vida. Shane traça os efeitos da cultura japonesa onde a memória é a protagonista. Em seus trabalhos, a atmosfera sutil e as mudanças luminosas são utilizadas, juntamente com ausência total de sombras e um poder de síntese para capturar os temas.
Shane Berkery desafia a pintura explorando a tensão entre dois mundos criados por ela: passado e presente, ausência e presença, diferença e semelhança.
Nas pinturas existe a sensação de estar flutuando em uma nuvem, de deixar-se levar pelo prazer. Esses corpos vêm de outra realidade, quase fantasmagórica. O objetivo artístico desse jovem pintor de 26 anos é criar um espaço estranho e nostálgico entre memórias orientais e ocidentais.
No trabalho de Shane, todos podem observar o estudo diferente aplicado a homens e mulheres. Enquanto os homens são pintados em ternos e em ação, as mulheres têm um caráter erótico. Estas últimas têm um corpo fino, mas com curvas. Sem vulgaridade, elas esperam, olhando para o espectador. Assim, a figura feminina ilustra uma fantasia sexual, que poderia ecoar da cultura japonesa de “shunga”, um gênero de produção visual cujo tema principal é a representação do sexo. São as cortesãs que expressam as paixões ocultas da vida cotidiana.
Nos transportes, em um banco ou comendo, ele tenta capturar e relacionar situações da vida cotidiana. Graças às obras em grande escala, o espectador pode experimentar a sensação de compartilhar a sala com uma outra presença. O espectador sente que ele pode se relacionar com algo familiar, e ao mesmo tempo, não familiar.
Assim, as obras de Shane gritam “Spring” porque a vida é bonita, mas curta. Essa expressão remete ao uso da cor rosa que lembra a atmosfera da primavera japonesa. Para a cultura japonesa, a primavera mostra a beleza na natureza e também é, muitas vezes, comparada ao pouco tempo que o ser humano passa na Terra. Sendo assim é considerada uma estação melancólica como as pinturas de Shane.
Texto original: Séverine Grosjean
A próxima exposição de Shane Berkery acontecerá no dia 1 de março de 2018 na galeria de Molesworth em Dublin. Ele nos convida a continuar esta jornada entre o Oeste e o Oriente.
Tradução: Bárbara Gual