Lina Albrikiene: um retrato do corpo e da memória

A jovem artista lituana Lina Albrikiene inspira sua prática artística em sua vida pessoal. Infância, família e memória são a base de sua pesquisa traduzida em instalações, vídeos ou fotos. Ela te convida para uma viagem no passado.
Em seu vídeo de 2009 “Vilnius from the Archives of My Childhood, Lazdynai”, Lina usa imagens autobiográficas de sua infância criando uma relação com o passado e com os membros de sua família. Este trabalho, como outros realizados nos últimos anos, apresenta documentos em que a artista ilustra um retrato de família. Ela cria um tipo de diário. Suas memórias, fonte de inspiração, permitem que ela se conheça melhor e se reconheça. Ela constrói um itinerário pessoal que assume a forma de um autorretrato.

As figuras nostálgicas de seu pai e mãe estão no centro de seu trabalho. Este é particularmente o caso de “Tree for my father Paneriai 1983-2014”, em memória ao pai que faleceu em 1983. Ela deseja apresentar este encontro com uma série de fotografias representadas como uma viagem.
O tempo está se esgotando. Ela imortaliza. O espectador descobre e revive as memórias da infância. É uma verdadeira exploração do tempo, espaço social e vida cotidiana.
Lina Albrikiene trata o corpo fragmentado como no projeto “Study of leg”. Comparada a uma escultura clássica, ela exibe uma série de fotografias protéticas de sua perna direita, relembrando a amputação de seu irmão, que nem sempre foi aceito por ela. A artista revela a estranheza perturbadora de um corpo e, neste trabalho, representa para ela uma perpétua transformação. O corpo às vezes se fere, mas ele pode se transformar, voltar à vida e seguir em frente. A amputação revela um enorme detonador trágico. A frontalidade da mutilação serve como um catalisador.

Em seu novo projeto “The Shred”, Lina Albrikiene é inspirada em “The White Shroud” pelo escritor e diretor lituano Antanas Škema, que filma mulheres nuas em um elevador tomando posições entre a sombra e a luz, o elevador sobe e desce durante o processo. O desenrolar abre-se a formas de corporeidades bizarras ou fantásticas. Além da emoção que tal situação pode causar, a representação de um corpo alcançada em sua totalidade questiona a imaginação e perturba os medos. Esse trabalho ilustra imagens cuja harmonia é percebida apesar de manifestar ausência corporal, renova a aparência do corpo em muitas facetas que tanto horroriza quanto fascina. Nesta tragédia, Lina mostra uma metáfora do absurdo da condição humana.
Lina Albrikiene deixa o corpo ausente e apresenta um tema recorrente e interessante em seus trabalhos.
Tradução: Bárbara Gual
Revisão: Lívia Fernandes

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