Bárbara Gual
Tiago Segundo é mais um artista do projeto Verdandi! O carioca de 24 anos iniciou seu contato com o desenho desde criança, mas foi em 2012, que voltou seu foco para as artes visuais, durante seu curso de História da Arte e cursos paralelos com direcionamento para o tema. Entre as vertentes que já passou estão a fotografia, a pintura e o desenho. Neste último, se utiliza de técnicas como aquarela, tinta acrílica, colagem, gravura em madeira e silk screen. O artista ainda faz trabalhos de instalações, vídeo e performance.
Tiago vê a arte como parte de si mesmo, não como um dom mas como uma aptidão.
“Acho que as pessoas nascem com aptidões e um olho diferente e especial para cada coisa e com o tempo vai-se aperfeiçoando. Eu sinto que nasci com esse olho diferente para a arte”
Tiago se inspira em inúmeros artistas e estilistas. Em entrevista à VHMOR Artes Visuais ele conta um pouco sobre esses influenciadores.
“(…) pontuaria Andy Warhol e Louise Bourgeios. Andy Warhol por sua crítica ao sistema mercadológico de massa, e mesmo assim, sua inclusão nele de forma paradoxal. Louise Bourgeios pela construção do corpo a partir de memórias, metáforas e transtornos psicológicos. Na moda, trago Alexander Mcqueen e Thierry Mugler. Alexander Mcqueen pela insanidade aplicada ao conceito, e Thierry Mugler pela forma escultórica aplicada ao estilo.”
Dentre os conceitos utilizados pelo artista estão o paradoxo, ironia, e nas próprias palavras do artista, “a perversa quebra de expectativas”.
Abaixo você pode ler a declaração que o artista escreveu sobre seu trabalho.
“Minha pesquisa visual traz em si estranhezas, ironias e dualidade. É possível visualizar também uma perversa quebra de expectativas: beleza e horror, passividade e obsessão, brutalidade e fragilidade, dor e prazer, sagrado e profano, tempo e acaso.
Por que pensar em quebra de expectativas? Espera-se uma aguada contínua, uma obra sagrada, a beleza perfeita e eterna, um corpo em suas plenas condições, a ingenuidade humana, o estar na moda, como se fossem promessas de felicidade. Todas essas questões, ao longo da pesquisa, são colocadas de forma que, sempre acontece algo que foge, que rompe com o habitual, como a areia que se esvai de nossas mãos, ou como uma “puxada de tapete” causando um momento epifânico e algo nos é revelado, uma nova possibilidade é aberta.
Grande parte da produção é em Nanquim e Aquarela, técnicas que, para mim, plasticamente se complementam nas obras. O nanquim é altamente gráfico, agressivo e opaco, enquanto a aquarela é frágil e translúcida, sendo portanto, praticamente opostas. Assim a linguagem plástica, ou seja, a forma com que trabalho tanto no papel quanto na tela, é utilizada como metáfora do tema explorado, por justamente se tratar de paradoxos e oposições. Ainda sim, tenho trabalhos em tinta acrílica, xilogravura e silk screen.
Logo, o que resulta das obras ultrapassa a análise e críticas irônicas, deixando uma possibilidade em aberto, para que a obra nos conduza para além das expectativas e das promessas de felicidade. O que vem depois? Depois disso, temos o híbrido entre o rompimento dessas expectativas, que é um momento turbulento, e a triunfante ocasião depois dessa ruptura.”
O trabalho de Tiago Segundo nos instiga a pensar sobre diversas questões do mundo atual e inúmeros dogmas e normas despejados sobre os indivíduos. Ele mexe com a “perturbação” que a arte pode causar, com o psicológico e com o social. É uma obra que traz ao mesmo tempo obsessão e serenidade, o rompimento com os ideais cotidianos e a constante provocação perante as idéias prontas e já construídas em detrimento da desconstrução de pensamentos.
E você, o que pensa sobre todas essas questões abordadas pelo artista?
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#VerdandiArtistas EmergentesPintura
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