Aukse Miliukaite é uma jovem pintora lituana recentemente formada pela Academia de Artes de Vilnius. Ela é uma artista com um estilo forte e que explora a história da arte em suas pinturas.
Em seu trabalho, ela faz uso de pinturas históricas de grandes mestres como Paul Gauguin e Paul Cézanne, além de outros artistas. A artista se apropria das obras conscientemente e com uma reflexão estratégica. Seu processo se constitui na manipulação do tamanho, da cor ou do tema de seu trabalho, reutilizando elementos de arquivos ou fotografias pessoais que integram suas composições pictóricas. Sua pintura é caracterizada por uma composição expressiva de combinações de cores brilhantes, uma mistura de formas simples e momentos roubados da vida cotidiana, às vezes de forma irônica, com um enquadramento cinematográfico.
Aukse parte do conceito de uma apropriação e recontextualização. Ela reproduz, substitui e transforma como uma espécie de reciclagem de valores estabelecidos por instituições artísticas. A artista é contra a negação da arte do passado, propondo um diálogo constante com ela. Aukse absorve a arte de seus mestres e usa sua ocupação como colecionadora de imagens, utilizando-a em seu próprio trabalho na forma de referências e recontextualizações. Ela pretende usufruir das obras do passado, mas seguir em frente. Divergir é perder o significado original e dar um novo.
Práticas de apropriação tornaram-se comuns na arte. Essas divergências culturais constituem uma referência artística em si. A artista dá uma história para cada referência artística escolhida, estudada e modificada como uma espécie de meta-narrativa que se transforma em cada obra.
Aukse Miliukaite reafirma a singularidade e unicidade de cada obra “copiada”. O que é interessante nesse processo é que ela permite entender o que conecta uma obra de arte à realidade (a realidade pode ser considerada como outra obra de arte). Em obras multicoloridas, Aukse Miliukaite acrescenta elementos da cultura contemporânea. Ela sobrepõe diferentes períodos históricos e constrói novas histórias.
A reprodutibilidade, a multiplicidade de camadas midiáticas sob as quais o trabalho se baseia, problematiza a questão de seu valor artístico como obra, sua legitimidade como referência cultural em relação à história. A apropriação não se limita à estrita apropriação de obras de arte anteriores, escolhidas por seu caráter emblemático na história da arte, ela designa quais obras são duplicadas ou transformadas pelos meios de comunicação em massa. Ao construir situações visuais inesperadas, ela estimula os espectadores a refletirem sobre as regras tradicionais de um trabalho e a se distanciarem das imagens que parecem ter sido memorizadas.
Parceria: The Nomad Creative Projects
Tradução: Bárbara Gual
Revisão: Lívia Fernandes