Liviu Bulea é um jovem artista e curador romeno. Sua atividade artística é caracterizada por projetos pessoais de impacto local e nacional, indissoluvelmente ligados à sua vida pessoal e suas experiências. Suas obras são experiências de intimidade, dor ou sexualidade. A prática artística explora os sentimentos mais profundos de cada ser, do drama ao amor. Ele desenvolve sua história, da fotografia à escultura, reconstruindo um todo coerente marcado pelo tempo condenado. As imagens dos territórios explorados ao longo de sua vida produzem uma história falando sobre os problemas da sociedade romena e além disso, do ser interior do ser humano.
Este é o caso em seu trabalho fotográfico abordando as questões do hospital e a condição do paciente. Liviu Bulea tinha um problema de saúde e queria denunciar essas condições quase animalescas vivenciadas nesse hospital. Liviu Bulea traz peças que constroem uma atmosfera fria. A alternância de tons brancos e verdes cria um jogo que todos tentam participar. Esses vestígios de um lugar que parece voltar do passado arruinado parecem um pesadelo longo e sinistro, onde as paredes caem. Este hospital parece vir de outra era, mas continua até hoje. O trabalho de Liviu não é nostálgico e não há ambientes românticos e poéticos. Entretanto, podem ser encontradas relações ao mundo fantástico de Tim Burton.
Nascido em um lugar perdido na Romênia, onde os desastres sociais não querem dar trégua à população, Liviu explora o tema recorrente das ruínas contemporâneas de uma era industrial soviética bloqueando e destruindo as esperanças. Para ele, é o diálogo entre a arquitetura e a fusão de experiências pessoais. Ferida por um passado comunista, a Romênia é um campo onde as ruínas industriais desenham uma atmosfera absurda. Os objetos que emanam dos edifícios são recuperados como em seu trabalho # 808080 “. As forças dos materiais são utilizadas para criar um trabalho abstrato.
As vibrações são reconhecidas. Você não pode esquecer a vida cotidiana de antes. Esta conversão envolve uma reunião tensa experimentando a união entre diferentes estruturas físicas e mentais: tempo, sentimentos e lugar. As paisagens capturadas por Liviu refletem a desolação. Os edifícios criam o perigo como o seu trabalho em fábricas de produtos químicos, uma saúde em processo de desaparecimento. A vida se foi. Os resíduos restantes representam um perigo ecológico para a população. O desperdício do romeno antigo persegue o presente e o futuro de uma geração. As obras de Liviu são testemunhos devastadores falando sobre o humano e a natureza. Essa coexistência perturba o espectador. Esta visão perturbadora de paisagens incríveis é capturada pela sua violência humana. Suas esculturas feitas de cimento e traços de cativantes verdes nos fazem pensar em nossa própria relação com um processo que criamos e que, infelizmente, permanece irreversível.
O jovem artista tenta colocar em plena luz lugares e condições humanas que são conseqüências de um progresso irreversível e violento. Suas fotografias ou esculturas destacam a fraqueza de um mundo que abriga situações deploráveis. Eles são um reflexo da vida em nossa civilização.
Parceria: The Nomad Creative Projects
Tradução: Bárbara Gual
Revisão: Lívia Fernandes