1989 marcou um ponto de virada na história política quando uma onda de revoluções varreu o bloco oriental, começando na Polônia que levou à abertura do Muro de Berlim em novembro, abraçando a derrubada da ditadura comunista na Romênia em dezembro e terminando em dezembro de 1991 com a dissolução da União Soviética. Conhecidas coletivamente como as Revoluções de 1989, elas anunciaram o início da era pós-Guerra Fria.
Embora fosse uma criança nessa época, o trabalho de Alexei Gordin leva o espectador a uma jornada através do esquecimento e da ruína, apontando o passado desconfortável e questionando sua influência no futuro. Através de vários meios de comunicação como pinturas, vídeos e fotografias, este jovem artista imagina projetos inovadores e apaixonados para descrever e condenar a sociedade que o rodeia: política, religião e o peso da história. Ele inventa uma linguagem artística original e abundante. Alexei Gordin chama a atenção do espectador inspirado por momentos de sua vida pessoal ou lugares que ele descobriu e observou.
Em seu trabalho intitulado “Between the past and the cosmos” (2013), Alexei compõe um projeto sobre o desaparecimento do tempo e os aspectos culturais e sociais que o atravessam. É inspirado na história dos russos, que emigraram para Ida-Viruma, a parte mais pobre da Estônia, para trabalhar na era soviética. Os edifícios estão vazios e abandonados. As pessoas estão desesperadas. Diante da passagem do tempo, os personagens de Alexei são notáveis por sua falta de combate. Somos fascinados pela fraqueza desses homens. Eles se perdem em uma condição que os excede. Muitas séries ecoam essa condição que alguns chamam de anti-heróis. Para Alexei, eles são os criadores ou os destruidores de seu trabalho.
A visão do mundo compartilhada entre Alexei e seus personagens é problemática, difícil e perigosa. Ligações humanas são frágeis. Em seu trabalho, Alexei pinta um mundo doloroso e instável, cheio de surpresas desagradáveis. O personagem se torna passivo contemplando sua própria descida ao inferno. Encontramos esse “absurdo” como o único meio de sobrevivência em seu trabalho “March1989 – August 2014” (2014). No meio, eles devem encontrar um equilíbrio entre os impulsos autênticos e a sobrevivência social. Ele cria sua própria visão do mundo. Ele cria seu próprio sistema. O sofrimento da humanidade viria do fato de que a humanidade está em uma intensa busca por si mesma. Essa investigação cria a incompreensão do homem sobre seu destino, que ele não pode mais controlar, mergulhando-o numa solidão que só ele pode entender. Mostra uma reflexão sobre a natureza humana.
Ao longo de sua carreira artística, Alexei Gordin se pergunta sobre seu status como artista como em “Art and Capitalism” (2015). Ele explora as complexas relações entre o artista e o mercado de arte ou em “Art is not just fun anymore” (2017). Ele passa por uma sessão de tatuagem. Torna-se seu próprio trabalho. Durante essa experiência pessoal, ele detém o tempo e a louca corrida entre o mercado de arte e o artista. O trabalho não o deixará ao contrário de suas pinturas que vêm e vão de acordo com as vendas.
Ecoando a teoria da “modernidade líquida” do sociólogo, Zygmunt Bauman, afirma que no mundo contemporâneo a mudança é a única permanência e incerteza a única certeza, os artistas devem jogar o jogo. Eles devem cooperar com o mercado, embora muitos o desprezem como uma influência corruptora na busca de arte e autenticidade. Parece absurdo que o artista contemporâneo lute nas correntes da previsibilidade, porque a imprevisibilidade é a própria essência da arte. Como artista ou homem, Alexei Gordin faz a seguinte pergunta: Como permanecer humano e ser diferente quando tudo é feito para fazer parte da massa?
Para saber mais sobre Alexei Gordin acesse @nomad_creative_projects ou Alexei Gordin.
Texto original: Séverine Grosjean
Adaptação: Bárbara Gual
Revisão: Lívia Fernandes