A arte introspectiva de Dragos Badita

Dragos Badita é um jovem artista romeno cuja pintura tem um estilo clássico marcado por uma forte consciência de que a vida é efêmera e o tempo passa irremediavelmente. Ele retrata o efêmero para eternizá-lo no tempo. É uma outra visão do existencial que vibra em sua obra.

As pessoas e lugares presentes em suas telas vem da memória do artista, de tudo o que ele viu e vivenciou, como demonstrado em seu último trabalho “Winter Sleep”. Ele procura representar a fugacidade do momento através de paisagens e figuras. Sua obra reforça constantemente a mesma temática e é possível visualizar tal aspecto na personagem de sua noiva, que na verdade é uma representação pictórica de uma imagem religiosa que inspira proteção ao ser representada vestida de azul, como a Virgem Maria. O azul evoca calma e serenidade,juntamente com um rosto de mulher que suscita paz, imerso no sonho. Ele ainda combina suas pinturas com vídeo ou instalação.

Em uma de suas pinturas em preto e branco, um trenó é abandonado em uma paisagem branca, levando o artista a rememorar o vazio, o sem vida. Ele leva o olhar do espectador ao infinito, não levando em conta o tempo. A neve traz o retorno à infância, e a nostalgia é um sentimento marcante, sem necessariamente invocar a tristeza. O sentimento provocado é agradável e reconfortante, como um refúgio acolhedor.
A paisagem de neve, calma, branda, pacífica, evoca uma lembrança que o acorda para sair do sono da inconsciência, do vazio. Entre os elementos presentes em “Winter Sleep”, é possível encontrar o enquadramento correto, que dá uma idéia imediata da situação física emocional ou mental dos personagens, da distância que os separa do mundo. Dragos Badita possui um trabalho que exibe beleza e induz a contemplação. O sentimento de melancolia marca sua obra como se estendesse além da vida material.
A dimensão introspectiva do trabalho é explícita em “White Sleep”, uma paisagem sublimada. A paisagem
de neve é adotada pelo artista inúmeras vezes pois ele aprecia os efeitos de luz provocados por ela. Dragos Badita fala da alma, da aventura e da natureza humana de forma intensa.

Dragos Badita contempla meticulosamente o corpo e demonstra um desejo inexorável através dessa paisagem perdida. A beleza é pura. Ele captura o momento natural. O resultado é uma nova liberdade de toque, mais expressiva que descritiva.
O que é marcante em seu trabalho, com suas paisagens e sua amada, é que ele coloca a sensibilidade no tempo, como se desse vida a ela.
Tradução: Bárbara Gual
Revisão: Lívia Fernandes

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