Lívia Fernandes
Karin Baptistucci, conhecida no meio artístico como Karin Folie, relata um pouco sobre sua trajetória. A artista diz que desde a infância teve contato com a arte, mesmo quando trabalhava em outras áreas, e que gostava de estar envolvida paralelamente com atividades artísticas ou artesanais.
Após um workshop em 2014, Karin se atentou que era capaz de desenhar como qualquer pessoa, e dois anos depois se entregou totalmente à carreira artística. Em suas palavras:
“Arte é algo que flui com naturalidade para mim. Passei a entender isto como um presente do universo, e me perguntei em um certo momento: por que não transformar isto em profissão? Profissão esta que pode ser feita em qualquer lugar do mundo, me proporcionando liberdade.”
A artista denuncia o seu envolvimento pessoal com a natureza retratando alguns elementos em suas obras. Folhas, flores e animais são temas recorrentes, sempre representados com cores e riqueza nos pormenores. Ao observar o trabalho de Karin, nos surpreendemos com a beleza com que ela trabalha os detalhes: é possível transformá-los em quadros únicos!
Cada ponto de sua obra pode ser observada como parte do todo ou completa por si mesma, nos fazendo ter diferentes percepções de uma mesma obra a cada nova observação.
Segue abaixo a declaração de Karin sobre o seu fazer artístico:
“Nascida na capital, vivendo no interior e apaixonada pela praia e pela vida, me inspiro nas cores e elementos da flora e fauna brasileiras presentes em meu cotidiano para criar. Mãe de dois, fora os gatos, tenho o privilégio de usufruir de meu ateliê em minha casa com vista para um frondoso flamboyant e estar próxima de minha família.
Desde sempre a arte fez parte da minha vida. Quando criança, passava férias e finais de semana na casa de tios ou avós passeando pela arte, pela música, pelo artesanato e principalmente pela costura. Isto foi criando em mim o gosto e o olhar especial pela cor, suas misturas e composições, e pelo estético. Durante vinte anos, apesar de estar ativa profissionalmente em outra área, mantive em paralelo alguma atividade artística ou artesanal, do crochê à joalheria, da fotografia ao patchwork , e em 2014 decidi dar mais corpo e direcionamento ao lado artístico, quando descobri depois de um workshop que sou capaz de desenhar, como qualquer outra pessoa. Neste caminho absorvi um pouquinho do conhecimento de mestres de áreas como aquarela, estamparia , line drawing e ilustração. Em 2016 resolvi tornar da arte minha profissão ao invés de me manter no mesmo mercado e foi na pintura intuitiva onde tudo o que eu tinha visto antes, se juntou, e nela encontrei a melhor forma de expressar todo meu gosto pelas cores, pelas sua misturas mágicas, pela expressão suave, forte, presente, inconstante e surpreendente da expressão humana.
Uso materiais simples como carvão, grafite, tinta acrílica com vida própria, e spray sobre tela ou papel. Olho o material que tem no ateliê, coloco uma música, que pode variar de tango a heavy metal, rego as plantinhas, acendo um incenso, separo meus pincéis favoritos, olho pra tela, a tela olha pra mim e aí começa a brincadeira. A tela vai tomando forma, obviamente não a que eu imaginara no começo, e com o passar das horas, ou dias dependendo do tamanho da tela (amo as gigantonas!!!) ela vai se transformando.
Gosto de acreditar, ou me consolar, na teoria da curva “U” que prega que no topo do U tudo parece lindo e claro. Conforme o trabalho vai se desenvolvendo, vai se tornando confuso até alcançar a parte mais baixa da curva, onde o artista acha que o trabalho está horrível. A teoria insiste que dar continuidade ao trabalho neste ponto crítico, é fundamental para se obter um trabalho bom e único. E é acreditando neste processo que a tela vai se transformando e as camadas vão surgindo uma a uma, cor a cor, pedacinho a pedacinho, como uma colcha de retalhos dando passagem ao imaginário, tanto meu quanto dos que observam as pinturas, para descobrir e inventar formas acessando sutil e levemente nossa essência.
A incrível surpresa a cada nova leitura nas obras de Karin Folie faz com que nos
sintamos cada vez mais instigados e curiosos a desvelar elementos
expostos de forma tão delicada, colorida e sensível. E você leitor, qual
detalhe da obra de Karin você transformaria em quadro único?
Confira mais sobre o trabalho de Karin Folie em nosso instagram @vhmor.