19/09/2017 Bárbara Gual
Você já ouviu falar da Economia Criativa? Apesar de ser uma área recente ela vem sendo utilizada de forma construtiva por empreendedores, instituições e governo para desenvolver projetos com cunho mais sociocultural.
Os pilares criatividade, cultura e economia são atualmente um tripé utilizado como base para o crescimento e desenvolvimento do indivíduo e da nação a sua volta. Através desses pilares é possível promover uma forma de desenvolvimento empreendedor, sustentável, fortalecendo a ideia de identidade cultural e as relações construídas em termos de espaço e território. Todo esse conjunto de características está dentro da Economia Criativa. Ela auxilia na criação de políticas públicas, proteção dos direitos de autoria, organização de redes de inovação e incentiva o mercado ao redor delas. O princípio mais importante dela é trazer atividades alternativas a economia atual, que incentive e fomente a inteligência nos negócios, promova o networking entre as várias áreas, criando uma horizontalização destas, e assim unindo os grupos criativos dispersos e encontrando os novos talentos.
Mas o que essa economia abrange de novo?
As áreas abrangidas pela Economia Criativa não são um consenso entre os estudiosos do tema. No esquema abaixo é possível conhecer as áreas mais citadas.
Aqui no blog vou focar na Economia Criativa com viés nas artes visuais. O que podemos considerar uma arte visual?
Essa área da economia criativa abrange as artes mostradas na imagem ao lado, incluindo as modalidades que envolvem a tecnologia como fotografia, artes gráficas, cinema e televisão. Através dessas artes é possível interpretar obras, realizar expografias, curadoria de exposições, consultoria de artistas, comercialização de obras, exportação de produtos criativos, entre outros serviços. A relação de referências e o estudo estético desses produtos traz uma individualidade e especificidade para cada obra, característica que é muito aproveitada na Economia Criativa, em que as artes visuais são construídas em espaços de produção e galerias, escritórios de arte, exposições de artistas novos e/ou já renomados, tudo para fortalecer o setor. Esse mercado das artes visuais se concretizou nos últimos 15 anos. Segundo o relatório das UNCTAD[1], por exemplo, ele teve um crescimento anual de quase 13% desde 2002 nas economias desenvolvidas e uma participação de 24% nos mercados das economias em desenvolvimento.
Economia Criativa gera dinheiro?
A empresa com foco criativo cria o novo produto ou serviço, não apenas como um novo conhecimento, mas com inovação, inserindo o novo no mundo econômico. Passa a ser um produto da Economia Criativa quando é agrupado criatividade, inovação e economia e assim, gerar lucro em cima da criação.
Mas como mensurar o valor da criatividade?
Segundo o jornal Valor Econômico, em uma matéria especial sobre economia criativa, essa é uma das discussões mais acaloradas do momento. Muito artistas se encontram receosos com essa nova Economia em desenvolvimento, pois temem que sua criatividade seja controlada pelo mercado. Porém, não é necessário que a arte e a criatividade estejam completamente a serviço do mercado, mas sim que usufruam dele para movimentar a economia criativa, ou seja, a liberdade de expressão artística irá continuar nesta economia.
A forma de chegar a um valor muda um pouco em relação ao utilizado pela economia baseada no preço de custo, pois estes bens e serviços criativos possuem um valor simbólico, intangível, e que oferecem experiências únicas ao consumidor. O caminho a percorrer para chegar a um valor do produto criativo é baseado na multiplicidade dos elementos que compõem a criatividade, que vai dos aspectos culturais, relações de identidade, inovação até as barreiras geográficas e ideológicas. Ao criar um produto criativo devemos nos atentar para o propósito dele, propósito este que se encontra na mente coletiva, que traz comodidade para seus usuários, que promove o engajamento das pessoas.
Além disso, o artista e o empreendedor criativo precisam defender sua ideia, promover com ela a mudança na mentalidade em relação a essa Economia que está abrindo seu espaço no mercado. O valor do produto irá se construir com base na diversidade cultural, na multiplicidade de experiências, na possibilidade de nicho do negócio. Ao contrário do que vivemos no século XX, onde a homogeneização da produção era a base do mercado, o século XXI trouxe essa diversidade cultural aplicada a produção de produtos criativos para quebrar com a materialidade do mercado e trazer um valor ao sentido imaterial e produção de algo que vai além de um simples produto para venda. A divulgação e distribuição dos produtos criativos ainda é pouco explorada, principalmente no mercado brasileiro. Um ponto interessante para agregar valor a esse produto e incentivar seu consumo é descobrir novos mecanismos de distribuição para ele. Alguns desses mecanismos podem ser o uso de alianças, utilização das mídias online, parcerias com locais que incentivem a produção criativa. O empreendedor criativo precisa ter a capacidade de atrair; criar uma afinidade com seu público, gerar a confiança e credibilidade que garantem longevidade para seu negócio.
No Brasil, ainda são envolvidos na Economia Criativa, aspectos como inclusão e cooperação, promovendo a diversidade cultural e o desenvolvimento humano. Os empreendedores criativos promovem negócios através de ideias, imaginação, criação artística, impulsionando o aumento de seus lucros. A criatividade sozinha não gera um valor econômico, necessitando uma transformação em um produto comercial que gere valor monetário.
Assim, o campo da economia criativa está em crescimento e apresenta uma forte interação entre criatividade, inovação, cultura, economia e tecnologia, em um ambiente atual envolto pela informação e comunicação virtual. Essa economia reflete nosso estilo de vida contemporâneo e se estabelece na perspectiva do longo prazo.
Referências Citadas:
[1] Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento.
RELATÓRIO DE ECONOMIA CRIATIVA (UNCTAD). Geneva; New York, 2010.
GUAL, Bárbara. Um panorama da Economia Criativa: o papel da música nesse campo, 2014.
REIS, Ana Carla Fonseca. Economia criativa: como estratégia de desenvolvimento: uma visão dos países em desenvolvimento. São Paulo: Itaú Cultural, 2008.
DEHEINZELIN, L. Economia Criativa e métodos para dar uma mão ao futuro. In.: REDIGE v. 2, n. 02, ago. 2011.
Jornal Valor Econômico, 2009, p.06.