01/12/2017 Lívia Fernandes
Amanda Morais é a segunda artista apresentada no projeto Verdandi. A artista de 22 anos, mora atualmente em Macaé, mas nasceu em Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro. Algumas de suas exposições aconteceram na Cinemateca do Museu de Arte do Rio de Janeiro – RJ, Sub Galeria – SP, Rinha da Artes Macaé – RJ, Ateliê Casa 404, Boteco Vegano e Ocupação Cultural Coletivo Mucambo em Rio das Ostras – RJ.
Desde pequena, Amanda se envolve com trabalhos artísticos e manuais. Transformava embalagens em brinquedos, desenhava, bordava, fazia cordões e pinturas em tecidos. A fotógrafa nos conta a sua trajetória na arte e seu processo criativo, envolvidos por seus conceitos da psicologia e reflexões de vida. Para ela, a arte é uma forma de “desaguar as suas dores” e destaca em seu trabalho a intuição, introspecção, autoconhecimento, reflexão e a expressão.
A proposta principal do seu fazer artístico é provocar reflexão, expressando seus pensamentos através da fotografia. Depois de assimilar tudo o que observou de suas interações no mundo, a artista tenta se expressar por suas dores, angústias, sentimentos e tudo o que a afetou. A visão que ela tem de um ser, quando é fotografado por ela, se baseia justamente em tirá-lo da posição de objeto.
“o que vejo não o definirá, mas sim ao meu próprio existir, porque a minha ótica de mundo fala de mim e não do outro.”
Abaixo, vocês podem conferir a declaração de Amanda sobre seu trabalho:
“Cheguei a acreditar que poderia usar a fotografia de forma terapêutica para o outro, trazer cura às dores psicológicas, mas hoje acredito que nós enxergamos apenas como somos, e na tentativa de curar o outro, eu estava, na verdade, me curando. Hoje enxergo um espelho em minha frente toda vez que retrato alguém, aquele espelho me reflete, é uma projeção de todos os meus questionamentos, angústias e desilusões, são os reflexos do eu.
Busco trazer os meus próprios sentidos, experimentações, estímulos, busco sentar a beira da cachoeira e ouvir seu som, realmente tocar as folhas, ter meus sentidos estimulados, a ponto de então, perceber as simplicidades que estão a minha volta, e tudo que pode contribuir para a minha criação. Uma reflexão, uma frase, uma lupa, um plástico filme, uma câmera de entrada, folhas e mais folhas, lixo, não preciso de muito, preciso de mim, ali, aqui e agora.
A Psicologia é uma grande influência, me identifico e estudo a linha Existencial Fenomenológica, onde vem como embasamento à minha arte, trazendo o entendimento que ela é o agora, instável, questionável, momentânea, pode seguir os outros rumos, outras expressões, ela traz reflexões sobre a existência, ela se modifica, assim como eu me modifico. Efêmera, humana, profunda, como o ser humano no mundo, por isso o nome “Ser filografia”, são reflexões filosóficas de um ser através da escrita por palavras e luz.”
Finalizo esse texto com as palavras e impressões do curador da nossa equipe, Victor Hugo Moreeuw, que desenvolveu e aprimorou a ideia Verdandi com as primeiras artistas convidadas para o projeto: “Amanda foi uma das artistas que conversei quando estava começando a pensar o Verdandi, o projeto ainda estava no papel sequer tinha um nome definido. Acompanhando o trabalho dela pelo Instagram e por algumas exposições que tive oportunidade de ir, notei um carinho e um cuidado muito grande no que ela capturava e apresentava. A sensibilidade da artista para ver o outro e a habilidade para transformar isso em arte são extraordinárias. Suas fotos transbordam humanidade e mesmo fotografando pessoas de lugares e vivências diferentes, é possível ver a Amanda em cada foto.”